16 de agosto de 2007

Web 2.0: instrumento de mudança ou ameaça à cultura?

Na semana passada, a campanha mais recente do Estadão provocou uma forte movimentação na blogosfera. Os anúncios e comerciais, criados pela Talent, sofreram forte rejeição em diversos blogs. Com o tema “Por onde você tem clicado, hein?”, a campanha foi vista como algo que estereotipa os blogueiros, chamando-os de fracassados e produtores não-confiáveis de conteúdo.

Coincidentemente, a revista Época do dia 06 de agosto trouxe uma entrevista com Andrew Keen. O inglês, chamado pelos blogueiros de “anticristo do Vale do Silício”, critica fortemente a badalada web 2.0, considerando o fenômeno uma grande “picaretagem”. Em seu livro The Cult of the Amateur (O culto ao amador), ele fala sobre baixo nivelamento da produção de informação e ameaça à cultura.

Entre tapas e beijos, já que Keen foi um dos pioneiros da internet na Califórnia dos anos 90, ele diz que o conteúdo produzido no mundo virtual por um cidadão comum gera um culto ao amadorismo, criando a ilusão de que todos somos autores quando deveríamos ser leitores. Segundo o autor, esse é um fenômeno pode destruir a mídia tradicional, mudando-a dramaticamente e criando uma nova oligarquia. “A tão propalada democratização, na verdade, tornará o entretenimento cultural de alta qualidade menos acessível às pessoas comuns.” Andrew Keen também discorda de que os blogs sejam uma fonte pura de informação. Para ele, não há problema com os blogs, desde que leia-se o jornal antes. A blogosfera dependeria da pessoa ser familiarizada com a mídia tradicional. A preocupação do autor reside no fato da blogosfera tornar-se uma fonte substituta de notícias, especialmente para os jovens. Eles perderiam a capacidade crítica de ler “através” das notícias, o que é muito perigoso quando não se sabe quem são as pessoas que realmente operam os sites e quais os verdadeiros interesses envolvidos. O anonimato abriria as portas para que qualquer pessoa ou grupo molde nosso gosto de acordo com interesses particulares, usando o sistema em benefício próprio.

Entretanto, é cada vez mais visível o poder do conteúdo colaborativo e o crescimento da internet como ferramenta de busca em informação. Grandes veículos já a utilizam como parte de seu jornalismo, e muitos blogs estão ganhando mais popularidade e credibilidade que alguns meios tradicionais. Pessoas comuns, escrevendo de suas casas, conseguem ser mais influentes que alguns profissionais. Segundo o blog Brainstorm#9, “convidar as pessoas para que escolham e contestem suas fontes de informação com bom-senso e inteligência é uma coisa, generalizar de forma preconceituosa um universo que tem poder de construir percepções e destruir reputações num piscar de olhos, é estupidez.”

E você, o que acha de tudo isso?

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